Declaração

O blogue que se segue pode conter linguagem susceptível de ferir a sensibilidade dos leitores, pelo que se agradece que pense duas vezes antes de espreitar.

Todas as palavras aqui postadas NÃO SÃO OFENSAS GRATUITAS. São pagas, desde há séculos, com o sofrimento de milhares de touros.

Enquanto os aficionados ofenderem a minha sensibilidade, eu sinto-me no direito de ofender a deles.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Brasil e as touradas (episódio real)

Mas, afinal, o que é o Brasil? É tão fácil de ver e tão difícil de dizer.
O Brasil é aquele homem loiro que uma noite, há treze anos, dançava numa boite de São Paulo com uma negra e para quem o meu amigo Diaulas Readel me chamou a atenção:
- Estás vendo aquele alemão, além, dançando com a mulata?
- Estou, e daí?
- É capaz de estar aqui há três meses e há quatro ainda era nazi. O Brasil é isso.
Desta vez, Fernando Claro deu-me mais um precioso elemento para a explicação deste meu caso com o Brasil  Isto porque eu lhe perguntei qual a razão por que não havia touradas já que, em toda a América Espanhola, a tourada suscitava interesse e afición.
- A coisa tentou-se mas o negócio não deu, não. Em 1950, quando Mendes de Morais foi prefeito do Rio mandou construir uma praça de touros ao lado do Maracanã e encomendou touros e toureiros no México. Para promover melhore as corridas, deixou que a entrada fosse gratuita. Aquilo ficou cheio mas teve que acabar. Pois não é que o povo torcia pelo touro?! Era. Aplaudia o touro e assobiava o toureiro. Aí os toureiros se desmoralizavam muito e a coisa não deu, não. 

António Alçada Baptista, "A Capital", 26 de Junho de 1973