À semelhança do que acontecia aos escravos e que, hoje em dia, nos repugna, também os touros são todos marcados.
É a chamada FERRA, que acontece todos os anos nas ganadarias e é motivo de festa, para muitos.
O dia da ferra é o dia em que se separa, a título definitivo, o bezerro da mãe. A partir dessa data, nem com as demais fêmeas os bezerros poderão pastar. Mas o que, concretamente, se faz?
Pega-se no animal e depois de imobilizá-lo, são-lhe cravados ferros em brasa, em todo o lado direito do seu corpo e segundo determinadas regras. Por exemplo, o ferro da ganadaria é marcado na nádega da rês e representa o símbolo da casa onde nasceu; no dorso é-lhe gravado o número de registo da ganadaria, para ser sempre possível a sua identificação; no pescoço ou por cima do símbolo da casa é cravada a letra P (o ferro da Associação Portuguesa de Toiros de Lide); e finalmente, é-lhe ferrado na espádua, o último algarismo do ano em que nasceu. Com tantas marcas, se eu fosse ganadeiro ainda aproveitava para ganhar uns trocos, usava o animal para publicitar vendas de imóveis ou qualquer coisa do género.
Mas dizem os tauromáquicos que o touro é um animal muito feliz, pois viver na Ganadaria é como viver no Céu. Por essa ordem de ideias não sei porque é que a escravatura foi abolida. Provavelmente aos escravos só lhes faltava ver os anjos a tocar harpa.
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